terça-feira, setembro 20, 2011

O Papel

"O que pensam as pessoas?" - Tantas vezes questiono isso quando vejo certas e determinadas acções e comportamentos...


Platão - está um bocado pálido, talvez precise de Sol.


"O comportamento Humano tem três grandes origens: desejo, emoção e conhecimento." - Platão
O sujeito chegou ao carro, tinha um daqueles papéis publicitários preso no limpa-pára-brisas, agarrou nele, amachucou-o ligeiramente e largou-o no chão...


...e, de repente, invadiram-me uma série de indagações. Resumidamente: "Porque é que ele agiu assim?" (Porque é porco... eheheh)


Bem, antes de mais, quero salientar que este artigo é uma pura opinião, não pretendo julgar nem condenar ninguém; apenas pretendo perceber a motivação das pessoas para os seus comportamentos.


Exploremos então a afirmação de Platão e tentemos perceber onde encaixam as suas premissas na situação do papel.


Desejo


Em filosofia, o desejo é uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação.[1] Ou seja, um desejo é sentir atracção por algo que nos satisfaz (ou julgamos que nos satisfaz). Existem vários tipos de desejos, como podemos constatar no Quadro 1.


Quadro 1 - Classificação dos Desejos segundo Epicuro* (Clicar para ver maior)


Se tentarmos inserir a acção na classificação de Epicuro, ficamos um bocado pensativos, pois afinal, não estou a ver aquele gesto ter sido algo natural, necessário ou irrealizável (aquilo aconteceu mesmo à minha frente, a alguns metros de mim)...talvez um desejo frívolo artificial? Sinceramente, não vi prazer na cara do senhor. A mim parece que a acção de onde proveio o desejo, foi na parte de 'proteger' os seus bens, eliminando aquele bocado de papel de cima do seu carro.

Emoção

A emoção é uma experiência subjectiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. Existe uma distinção entre a emoção e os resultados da emoção, principalmente os comportamentos gerados e as expressões emocionais.[2] Mas antes temos de avaliar o seguinte: emoção como causa, ou emoção como efeito? Ou seja, terão as suas emoções levado a que tivesse feito aquilo? Ou será que executou aquele gesto na esperança de experimentar alguma emoção?
Existem muitas teorias sobre o que é a Emoção, mas como não somos peritos em filosofia, psicologia ou sociologia, vamos abordá-lo dum ponto de vista mais leigo e com base em emoções que conhecemos, como, felicidade, alegria, tristeza, melancolia, solidão, etc.


"O quê?! Lixo no meu carro?"


Aquilo que observei naquele momento, não me permitiu perceber se existiu ali alguma emoção, ou não...mas posso falar que surpresa, repúdio e indiferença podem muito bem ter sido emoções experienciadas.


Surpresa: quando viu o papel num sítio onde antes não estava nada;
Repúdio: não querer aquilo ali, pois não é seu, não gosta daquilo e não tem que ficar com aquilo.
Indiferença: Não sei se posso dizer que é uma emoção, mas é a única coisa que explica o acto final: indiferença face à sociedade e ao meio-ambiente, lançando lixo no chão num acto impulsivo.


Conhecimento


O que entendo por conhecimento, prende-se não só pela informação que temos, mas também pelo nosso avanço moral e ético. Mas o conhecimento só é válido quando posto em prática


O livro que contém tudo aquilo que nós sabemos.


Não existem pessoas "burras", existem sim os ignorantes e os que colocam em prática aquilo que sabem/conhecem, ou não. O conhecimento é nos dados todos os dias, quer numa experiência vivenciada, quer obtendo directamente duma fonte de informação e conhecimento. As pessoas ditas "conhecedoras de algo", tendem a (re)agir consoante esse seu conhecimento (aquilo que já aprenderam).


Basta olharmos para as crianças....


Uma criança brinca com um fósforo. Este, incendeia. A criança toca na chama e queima-se. Aprendeu que o fogo queima...nada mais simples. (Até o Gervásio sabe.)


O mesmo se aplica para a nossa conduta moral e é aqui que a sociedade tem o seu maior contributo: dando os bons exemplos, explicando o que é a liberdade do homem, o respeito, a natureza e o papel de cada um de nós nesta colmeia - basicamente, aprender a diferença entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.  Este é o conhecimento essencial.


A meu ver, é este conhecimento que condiciona os nossos DESEJOS e as nossas EMOÇÕES. É ele que define a prioridade das nossas MOTIVAÇÕES.


Podemos dizer que a atitude do sujeito em causa revela ignorância. Não mede as consequências mesmo dos actos mais pequenos. E isto pode acontecer (e acontece mesmo) com qualquer um. Pois todos somos ignorantes em muita coisa...mas o que vem a seguir é o mais importante: a análise sobre as nossas atitutes, o exame de consciência...as questões sobre as nossas acções...e isso sim, revela a vontade de sair da ignorância.


Conclusão
(Uff...finalmente...)


Tal como tinha dito no início, este artigo é apenas a minha opinião. Baseado nas minhas convicções e aprimorado com um pequeno estudo, nada mais.


A atitude analisada pode ser vista por muitos como normal, por outros como "nem por isso" e mesmo condenada por outros (ainda). Portanto, acho que cabe a cada fazer o seu juízo (mas sem condenar ninguém).


As suas motivações? Não sabemos...cabe-nos apenas indagar e esperar que a pessoa em causa comente este artigo. eheheh


Pois bem, ver aquilo levou-me a levantar questões com as quais pretendo aprender alguma coisa, e a resumir as suas respostas no seguinte:

  • reflectir nos nossos actos, por mais pequenos que sejam;
  • respeitar o próximo (mesmo que ele não esteja a olhar);
  • procurarmos o conhecimento (Sim, mesmo dentro de nós há conhecimento - basta ouvirmos a nossa consciência);
  • e, ter uma visão global do ensinamento: Não faças aos outros o que não gostarias que fizessem a ti;
Yes, it changes!



* Epicuro - Filósofo grego 341a.C. ~ 270a.C.
Fontes: