quinta-feira, janeiro 19, 2012

Os Assassinos da Internet Livre

Caros leitores, recordem estes acrónimos:


P.I.P.A.
PROTECT IP Act (Preventing Real Online Threats to Economic Creativity and Theft of Intellectual  Property Act - Lei de prevenção de ameaças online à criatividade económica e ao roubo de propriedade intelectual), proposta em 12 de Maio de 2011, por  Patrick Leahy, senador Norte-Americano.
Proposta original aqui (em inglês EUA).

S.O.P.A.
Stop Online Piracy Act (Lei de Combate à Pirataria Online), proposta em 26 de Outubro de 2011, por  Lamar S. Smith, membro da Câmara de Representantes dos Estados Unidos.
Proposta original aqui (em Inglês EUA).

Tratam-se de propostas de leis que foram apresentadas no Congresso Norte-Americano e que, a serem aprovadas, pretendem acabar com a internet tal como a conhecemos hoje.

Eis um breve resumo da versão oficial das razões pelas quais foram propostas estas leis:
  • Providenciar ao estado norte-americano e aos detentores de direitos de autor, ferramentas legais capazes de limitar o acesso a websites dedicados à infração e contrefacção de bens, especialmente aqueles websites registados fora dos Estados Unidos; [1]
  • Capacitar os mesmos orgãos enunciados na linha anterior de processar os websites que fomentam a partilha de ficheiros; [2]

"What the fuck is SOPA?"
Podemos ver um vídeo explicativo das propostas de leis e respectivos impactos colocado no Youtube.
Tem legendas em português, apesar de ser um português aldrabado, percebe-se.


Basicamente:
O Xenofonte e o Saraiva, conduzem ambos um Opel Corsa e o Xenofonte, que não tem carta, embate contra mim. De quem é a culpa?
Do Xenofonte, que é um bocado azelha...e agora ainda tem de pagar o arranjo.

Mas na perspectiva do SOPA e do PIPA, a culpa seria da Opel (?!).

Ou seja, se alguém, por exemplo, colocar um vídeo d'O Rei Leão no Youtube, os prestadores do serviço online (neste caso, a Google Inc.) poderão ser processados pela Disney e obrigados a fechar.

Reacções
No dia 18 de Janeiro de 2012 estas propostas foram novamente discutidas e várias companhias que actuam na internet, como a Google, Facebook, Zynga, Wordpress, Wikipédia, Vimeo e 9GAG (entre outras), alertaram os internautas para o que se está a passar, promovendo petições e pedindo para que manifestemos directamente o nosso descontentamento sobre tais propostas de leis, junto de orgãos de comunicação e o próprio Congresso Norte-Americano.
A Google redigiu também explicações para quem não souber o que é a SOPA e a PIPA (não, não são a sopa de comer, nem a pipa do vinho).
Podemos consultar o post no blog oficial aqui e o movimento Google "End Piracy, Not Liberty" - já agora, assinem a petição.
Podem também ver o aspecto que alguns sites tiveram durante o dia 18 de Janeiro de 2012 nesta fotogaleria do Jornal de Notícias.

Acabem com a Pirataria, não com a Liberdade
A acção tomada teve sucesso, pois as propostas não foram aprovadas, mas também não foram rejeitadas, sendo que ainda poderão a vir a ser discutidas mais tarde, pois existem grandes lobbies por trás destas leis.

Os orgãos de comunicação social
Um evento como este merece claramente ser falado nos noticiários, pois está em risco o fim de uma das plataformas que ainda permite ao Ser Humano expressar-se livremente, e uma das maiores invenções de sempre.

Mas...

...alguém ouviu alguma notícia na televisão, rádio ou leu alguma coisa nos jornais? Não, ao invés disso somos bombardeados com lixo televisivo, para entreter os burros lá em casa.

- "Enquanto puder ver os milhares de artigos, posts e vídeos sobre os reality-shows,
 está tudo ok. Eu até nem gosto de sopa...nem me chamo Pipa."

Acção
O que podemos fazer?
Pedir para que o assunto seja falado nos orgãos de comunicação social, por exemplo, já é um começo. Segue uma lista de contactos que poderemos efectuar:
Aquilo que não vemos
...ou não queremos ver.
Mas afinal, porquê tudo isto?

Imaginem o que seria um Mundo sem blogging, sem partilha de vídeos/sites informativos de fontes REALMENTE independentes, sem partilha de ficheiros, sem redes sociais...basicamente tudo deixaria de existir, pois todas essas plataformas têm potencial para que algum dos seus utilizadores viole direitos de autor.

Qual o bónus para a corporocracia?
As classes média e baixas deixariam de ter a capacidade de procurar a verdade, de analisar os factos, de perceber aquilo que realmente está a acontecer no Mundo, de se juntarem em acções de ciberactivismo, de partilharem uma notícia do seu país que se opõe à imagem que os media mainstream querem fazer passar (caso Líbia, por exemplo). Para além disto, os pequenos empresários e produtores independentes, perderiam uma grande plataforma de divulgação dos seus trabalhos e serviços - extinguindo por completo a concorrência que estes poderiam fazer aos grandes do entretenimento como a Sony Entertainment, Columbia, Warner Bros. e Disney.

Queremos a nossa internet livre - agora e sempre.


Fontes
[1] CNet
[2] Washington Post